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No Tapajós, post-it não se cria.

  • Foto do escritor: Ivan Sasha Viana Stemler
    Ivan Sasha Viana Stemler
  • 11 de out.
  • 2 min de leitura
Tem uma galera que ainda acredita que vai mudar o mundo com design thinking.
Tem uma galera que ainda acredita que vai mudar o mundo com design thinking.


Chega numa comunidade, abre a mochila, espalha uns post-its coloridos na mesa e fala: “vamos cocriar soluções sustentáveis”. (kkkkkkk)


E ali, entre uma dinâmica tirada de um livrinho mequetrefe de gringo e uma palavra em inglês mal traduzida, o mundo real passa por cima sem pedir licença.


O rio não tá interessado no teu canvas.

E o cacique não precisa do teu pitch deck pra saber o que é gestão de território.

Ele faz isso porque aprendeu com o pai dele, que aprendeu com o pai dele, que aprendeu com o rio ( e o rio, esse sim, aprendeu com o tempo.)


Sem querer pagar de quem tem autoridade (eu não tenho), eu tava lá.

No meio da floresta, onde o Wi-Fi cai e o ego cai junto com a impossibilidade de abrir o ChatGPT pra te ajudar com a sua falta de habilidade em escrever.


E foi ali que percebi: a única utilidade da minha visão de homem branco urbano era servir de piada. E tava tudo certo.


Porque é assim que se aprende — quando a risada do outro te devolve pro chão.


No mundo real — seja no Tapajós ou no Sol Nascente, aqui em Brasília — o “projeto de impacto” vira aprendizado, e o designer descobre que, às vezes, o melhor que ele pode fazer é ouvir.


Na Amazônia, workshop, call to action, job, deadline e design thinking não se criam.

Lá não tem “persona”, tem pessoas.

E não tem “dor pra endereçar” — tem mundo real demais, com problemas reais demais pra caberem num post-it ou num miro.


O design, ali, não é ferramenta.

É postura.

É respeito.

É entender que o saber local não é uma etapa da pesquisa — é o centro dela.


A maior inovação que o designer pode trazer pro mundo real é calar a boca às vezes.


E a maior lição que pode trazer de lá é que o mundo não precisa de um rebranding. Precisa é de uma mudança.

 
 
 

1 comentário


Bruna Braz
Bruna Braz
15 de out.

Tudo é rio!

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